Pular para o conteúdo principal

Monumentos e Momentos

É… Definitivamente tenho que melhorar a frequência com que posto aqui no blog… Ela não está como eu queria. Mas vamos lá. *Risos*






Passei uma ótima sexta-feira: fim de tarde com os amigos, conversando, ouvindo música, bebendo. Tudo muito bom! E em um momento um amigo meu me questionou sobre o que fazemos da vida. Na situação, ele se questionava, mais especificamente, sobre as coisas que ele queria fazer, construir, durante a vida dele. Pensei, pensei, falei uma ou duas coisas que apareceram na hora, com o máximo de reflexão que consegui arrumar na hora, mas continuei pensando sobre o assunto.












Criar!












Vivemos por uns 80 anos, que não se comparam com o tempo que a humanidade tem. Em horas, representa muita coisa, em outras, pouca. Mas é de grande valor saber que são 80 anos que se vão, não voltam, e depois, FIM.






O que você faz da vida?






Essa pergunta as vezes dói, dói muito. Quando a gente é forçado a pensar no presente, comparar com o passado (ó, terrível passado) e imaginar o futuro (ó, incerto e maroto futuro), um monte de coisa vem à cabeça. Eu, por exemplo, imagino coisas, muitas coisas, das melhores e das piores, e sempre acabo com aquela sensação horrível de medo da morte, misturado, claro, com um conforto cretino de “mas você pode deixar coisas para trás”.






E ai, José?






Pois, refletindo, realmente acho essa uma boa solução, mas o que vou deixar para trás? Quais as grandes maravilhas do mundo que irei erguer e, depois, todos adorarão? Na verdade, acredito, que seja mais provável que nem chegue a fazer nada perto disso. Mesmo que me torne um arquiteto bem sucedido, no máximo devo virar mais um nome a rondar pela internet que é achado eventualmente por um estudante de arquitetura desesperado a procurar por coisas para concluir um trabalho. Nada mais. Vou virar, na melhor das hipóteses (realistas), um artigo aqui e ali em um site pouco famoso de arquitetura. Com sorte, apareço em uma ou duas revistas. Nesse anseio por ser “famoso”, conhecido e reconhecido, que me pergunto se realmente é isso que vale a pena se importar? Na verdade, será que temos mesmo que construir coisas fabulosas e grandes e magníficas?






Já sei, vou construir uma pirâmide!






É interessante, também, como a gente se apega aos tamanhos. Se você quer fazer tudo isso antes de morrer – aparecer, ter o nome escrito em uma ou duas revistas, e em diversos sites pouco famosos, ou, com sorte, em um famoso – existe um jeito fácil: faça uma pirâmide. São, relativamente, fáceis de construir e sempre chamam atenção.
Bem, provavelmente não é uma ideia muito viável, entretanto, devo confessar. Mas, e então? Como fazer que a sensação da morte fique mais calma. Evitar sentir o amargo gosto do sentimento de inutilidade? Como viver com o ego a pino e vomitando o próprio nome? Eu não sei, se souberem, me avisem!






Ainda acho digno construir uma pirâmide!






Talvez não essa seja mais uma ideia vendida, já parou para pensar? Assim como ter um iPhone, um carrão, um(a) namorado(a) lindo(a), muito dinheiro (… corrigindo, dinheiro tem que ter mesmo xD)… querer fazer algo grandioso talvez seja mais uma ideia que conquistou o mundo através do marketing existente nesse conceito.
Se valoriza, e muito, os monumentos… A vida em momentos… Os grandes e exatos fatos. Ninguém sabe quais os reais motivos que levaram, e as consequências da independência do Brasil, mas todos sabem que foi um grito dado (totalmente simbólico, aliás) que tornou nosso país livre da colônia portuguesa. Exemplo esdrúxulo, confesso, mas exemplifica diretamente o que digo. As pessoas se ligam muito aos marcos. A vida deveria ser feita pelos conjuntos de todas as coisas que acontecem, da existência em si, e não dos momentos, da demarcação de pontos específicos. Na cidade, o mesmo. Uma cidade está muito além do seu projeto ou dos seus monumentos. São Paulo seria tudo que é mesmo que não houvesse um ou outra rua, uma ou outra estátua, um ou outro bandeirante. As coisas se fazem de conjuntos muito maiores do que elas realmente aparentam ser. Por isso se cria a sensação que o importante é construir e criar coisas marcantes.






Faltam detalhes… muitos detalhes…






Pois, no final, e se realmente tudo não passar de consequência. Se realmente mais importa criar as ações desencadeadoras, o climax, do que criar apenas os resultados. Explico: Se realmente vale mais a pena se preocupar com a construção e não com o construido, as vezes vale a pena pensar no processo, e não no resultado.
Levando esse pensamento muito além da existência individual: e se não passarmos de neurônios que fazem parte de um cérebro muito maior que a gente possa imaginar. Somos criadores de pontos de ideias, de emoções, que podem desencadear muito mais, bem depois e bem lá na frente, mas que não existiria sem esse nosso pequeno passo.
Digo mais! Se formos pensar de forma coletiva, assim como iniciar a onda, o simples fato de propagá-la já torna o ato (mandar a mensagem para frente) tão importante quanto o início e o fim.






Todos somos um.






O quanto escuto falar de “trabalho em equipe” hoje em dia é entediante de tão repetitivo. Mas concordo com o pregado. Mas por que se ater somente a essa ideia de coletividade em ambiente de trabalho? Acredito que o mundo, assim como na internet, fica mais online, deveria ficar mais “Online” fora da internet. Somos todos dotados de compreender outro ser humano. Mesmo sem falar a mesma língua, conseguimos nos entender de alguma forma. Seja no nível que for, conseguimos passar sentimentos e conseguimos entendê-los. Na sociedade que vivemos, podemos estar conectados, uns aos outros, de forma muito mais forte. Essa ideia de coletividade, de espírito de corpo (vários espíritos trabalhando em um corpo só) deveria ser valorizado muito além do ambiente de trabalho. Pois, mesmo que a gente não trabalhe de forma direta para construir algo muito maior, a gente já lida com elementos comunitários universais.
Esse computador ai, que você está lendo este post, só existe porque alguém o criou. E esse alguém só o criou pois usou o conhecimento pré-existente que outras pessoas já haviam criado. Ou seja, já comunicamos nossos pensamentos e ideias e descobertas.
Poderia melhorar, claro. Poderia ser algo totalmente global, mas de certa forma já é global.
Nessa linha de raciocínio, ainda podemos chegar em um ponto: se fazemos parte de uma rede simples de comunicação, de “pensação”, já não estamos ingressados num grande cérebro que computa infinitas informações?
Logo, fico a pensar se a gente realmente desse valor a essa visão coletiva do mundo. Levar a ideia do TODO para dentro de nossas vidas individuais. Sermos coletivos com nossas propostas de vida.








Se o importante é deixar marcas, pode saber, você já as deixa, mesmo que não saiba disso. A cada pessoa que você conhece, a cada ideia maluca que você tem, a cada atitude descontrolada. Tudo faz parte de um processo de pensamento global que existe independente da sua vontade. Tudo constrói a experiência do mundo, que poderá, e será, utilizada por outras pessoas, que terão suas próprias experiências, que serão compartilhadas com outras pessoas.
Por mais irrisório que isso se manifeste, qualquer atitude sua contribui para que o mundo cresça num geral. E cada elemento magestoso que existe hoje, só existe através de um todo que precedeu este.
Logo, pensar que a valorização da vida se dá através de construções físicas, palpáveis, é como desvalorizar tudo o que você já faz simplesmente por existir, e, novamente, transformar a vida em momentos pontuais.
Acredito que a existência de alguém é muito mais complexa que um álbum de fotos. Na verdade, seria impossível determinar alguém através de fotos tiradas de 5 em 5 segundos desde o dia que ela nasceu até o dia de sua morte. Pois existe infinitos momentos entre cada foto que transforma alguém. Esses detalhes são muito mais complexos e densos do que uma foto pode capturar.
Detalhes! Isso de que nossa vida acaba sendo feita. São detalhes infinitos que formam a gente. E você, através de seus detalhes, faz a vida do mundo.
Claro que é, culturalmente, glorioso criar algo grande e incrível. Na verdade, coisas incríveis, sim, devem ser criadas. Mas não porque elas são grandes. Não! De fato, coisas incríveis são qualquer coisa. Qualquer atitude simples que se toma, as vezes até inconscientemente, e que transforma algo é incrível. Ser incrível é procurar fazer coisas incríveis o tempo todo.






E, que interessante, uma coisa você já faz: existe!
As outras coisas cabe a você executar.






Então, realmente, estou quase convicto de que não importa construir coisas grandes nesse mundo, pois tudo o que você faz já contribui para a elaboração de algo maior, depois. As vezes não é o “O quê”, mas o “Como” você faz, ou seja, não é o que você faz da sua vida, mas como você vive ela. Preocupar-se apenas com o “O quê” vai fazer você se ater ao pontuar. Procurar pensar mais em “como” vai fazer com que cada instante seja um instante fabuloso a ser aproveitado pelo mundo no futuro.






Para mim, acho, que isso basta.

Comentários

  1. :D

    Gostei demais!!! Gente, nunca imaginei que você tivesse uma escrita tão boa!

    E tuas ideias são não somente válidas, mas também úteis e universais.

    E me ajudou! ahahha

    ResponderExcluir
  2. Muito bom seu texto, Jefferson!

    Aguardo os próximos! =)

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Testes – Vídeo 01

Estava, esses dias ai pra trás, querendo fazer algumas experiências com vídeo, e acabou que saiu isso ai. Deixei o vídeo com o nome que o Vegas (programa de edição de vídeos usado) coloca padronizado, pois nada passa de uma experiência. Não tem nada de mais. São apenas testes. Música: By Moonlight - Jon Schmidt Teste - Vídeo 01 from Jefferson Machado on Vimeo .

Me livrando do lixo

Voltando a utilizar o blog, depois de tanto tempo. Mas acho que agora vou usá-lo para algo mais útil. Um diário, ou um lugar para colocar crônicas... enfim, qualquer coisa. Mas hoje estou na vontade de contar uma história. Passei, nos últimos meses, por momentos difíceis. Estava me sentindo muito mal e um lixo. Achava que as pessoas me detestavam e simplesmente me odiavam naturalmente. Como uma coisa ruim não vem incompleta, acabei me apaixonando nessa época e passando pela pior crise da minha vida. Já havia me sentido mal, mas nada comparado com o quão mal me senti nessa época. Vou começar uma sessão de crônicas para falar desse momento, dessa paixão. É a forma que encontrei para me livrar dessa dor e desses pensamentos de "e se"que estão me matando por dentro. Um verme que está me devorando lentamente e comendo cada víscera de maneira demorada. Preciso falar, desabafar e simplesmente colocar isso em algum lugar, para que fique nesse lugar. Enterrar, por fim. Nã...

Anexo: Momento de desespero

Agora a pouco bateu um total desespero. Notei que não fiz nada durante o final de semana inteiro. Precisava resolver 3 trabalhos e não fiz nem um. Estou com a mesma velocidade para realizar minhas tarefas, contudo não as faço. Estou totalmente improdutivo, e comecei a pensar no porquê. Acabei por descobrir que estou gastando muito tempo sem fazer nada em frente ao computador. Estou em PÂNICO!!! O motivo que cheguei foi apenas um: carência. Gasto horas em frente ao computador esperando alguém pra conversar, alguém pra me fazer sentir que sou importante. Estou cansado de pensar isso todos os dias. Todos os dias saturo meus melhores amigos com uma avalanche de "eu". Até as pessoas que nem converso fico falando dos meus problemas. Sinto falta de escutar os outros. Mas eu não consigo controlar essa carência... Acho que por isso que fico nessa de relacionamentos fracassados. Fico esperando alguém pra poder descontar tudo encima, toda essa carência que não tem fim. N...